Afinal de ContasEleição 2016 – Afinal de Contas http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br por Marcelo Soares Mon, 31 Oct 2016 12:55:38 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 O funil das mulheres nas prefeituras http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/31/o-funil-das-mulheres-nas-prefeituras/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/31/o-funil-das-mulheres-nas-prefeituras/#comments Mon, 31 Oct 2016 12:54:26 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1658 Apenas uma mulher das seis que concorriam ao segundo turno foi eleita na noite deste domingo (30). Com isso, temos os resultados completos para calcular uma espécie de “funil” eleitoral por sexo. O resultado, antecipo, não é ruim: a chance de uma mulher ser eleita prefeita é semelhante à chance de ser a candidata.

Existem leitores que ficam incomodados com esse tipo de comparação; consideram que é “criar rivalidade” entre homens e mulheres. Já eu acho que é uma questão puramente estatística: se metade da população é de mulheres, e na verdade é pouco mais do que a metade, deveria ser natural que metade dos representantes fossem mulheres. Se não são, é porque há outros fatores em jogo. E isso é uma questão importante de observar.

Ainda tenho a impressão de que muitas candidatas, especialmente no interior, são filhas ou mulheres de políticos tradicionais. Raquel Lyra (PSDB), a única mulher eleita no segundo turno, é um exemplo disso: é filha de João Lyra Neto, ex-governador de Pernambuco. Mas não conheço um levantamento mais completo sobre isso.

Enfim, vamos olhar os números. Das 2.156 mulheres que se candidataram, 640 viraram prefeitas.

Caso olhemos esse número como proporção das que se candidataram, parece muito ruim: apenas uma a cada vinte das candidatas se elegeram, em comparação a um a cada três dos homens.

Caso olhemos esse número como proporção do total, tanto de candidatos quanto de eleitos, temos uma divisão bem interessante: a proporção de eleitos é quase semelhante à de candidatos, nos dois sexos.

Captura de Ecrã (18)

 

 

Isso é um bom resultado: indica as chances de uma mulher se eleger para uma prefeitura são relativamente proporcionais às chances de ser escolhida para concorrer. (Como cada coligação só pode indicar um candidato por cidade, seria estranho falar em cotas.)

Essa proporção melhorou bastante com o tempo. Em 2004, as mulheres eram 10% dos candidatos a prefeito e 7% do total de eleitos. Em 2012 e 2016, a proporção ficou mais igualitária: elas foram cerca de 13% do total de candidatos e cerca de 12% do total de eleitos. 

Na disputa para vereador, a questão é mais complicada. Falei sobre isso na minha última coluna para o impresso, há quase um mês.

Desde 2010, a lei exige que ao menos 30% das candidaturas apresentadas por um partido sejam de mulheres. Mas, com toda sua variação regional, muitos diretórios partidários acabam tratando a apresentação das candidaturas femininas como mera formalidade.

Há vários artifícios usados para cumprir a cota só para juiz ver. Eles sabem que o julgamento das candidaturas vai demorar. Até lá, as candidaturas já foram negadas ou a candidata desistiu. O ministro Marco Aurélio Mello, grande frasista, classificou esse artifício como “candidatas-laranja”.

Neste ano, as mulheres foram um terço dos candidatos e 13,5% dos eleitos para vereador. A proporção de eleitas continua rigorosamente a mesma desde 2004, quanto não havia cotas.Captura de Ecrã (21)

 

Na segunda eleição municipal desde a criação da cota eleitoral de 30% de candidaturas de mulheres para o Legislativo, o “funil” das candidaturas alargou na boca, mas não avançou no bico. Ou seja: mais mulheres se candidatam mas proporcionalmente a mesma quantidade se elege.

Nas câmaras municipais, pelo menos desde 2004 não há mudança no “bico”. A boca é a mesma desde 2012, primeira eleição com cotas, e o bico é o mesmo desde ao menos 2004, antes das cotas.

Devido aos artifícios usados pelos diretórios, não dá para concluir dos resultados da eleição para vereador que as cotas para mulheres não funcionam. Especialmente se olharmos os resultados da eleição para os Executivos municipais, onde não há cota.

Talvez, ao deixar claro que as mulheres são bem-vindas à política, a cota tenha ajudado a aumentar a participação e a taxa de sucesso feminina na disputa para o Executivo, onde não há como colocar cotas visto que cada partido só lança um candidato por pleito.

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No segundo turno, apenas uma mulher foi eleita http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/30/no-segundo-turno-apenas-uma-mulher-foi-eleita/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/30/no-segundo-turno-apenas-uma-mulher-foi-eleita/#comments Mon, 31 Oct 2016 00:32:38 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1655 Dos 57 prefeitos eleitos no segundo turno, 82% se declaram brancos, 88% têm o ensino superior completo e apenas uma é mulher.

O mais jovem tem 31 anos (Guti, eleito em Guarulhos/SP) e o mais velho tem 82 (Humberto Souto, de Montes Claros/MG).

Mais da metade dos eleitos no segundo turno nasceu na mesma cidade que administrará, ao contrário do que ocorreu no primeiro turno.

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Confira os eleitos por partido http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/30/confira-os-eleitos-por-partido/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/30/confira-os-eleitos-por-partido/#respond Mon, 31 Oct 2016 00:01:15 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1652 Veja no infográfico abaixo a divisão das cidades brasileiras por partido. O tamanho das “bolhas” corresponde ao tamanho da população de cada município. Você também pode filtrar pelo Estado e turno.

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Escalada do desencanto leva a recorde de brancos e nulos http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/30/escalada-do-desencanto-leva-a-recorde-de-brancos-e-nulos/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/30/escalada-do-desencanto-leva-a-recorde-de-brancos-e-nulos/#comments Sun, 30 Oct 2016 22:25:52 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1648 Quase um a cada sete brasileiros que foram às urnas decidiram não optar por algum dos candidatos que concorriam ao segundo turno. É um recorde nacional, na esteira do que se pode chamar de uma escalada do desencanto com a classe política desde os protestos de junho de 2013. 

Pela primeira vez desde a universalização do voto eletrônico, a soma de votos brancos e nulos ultrapassou os 10% numa eleição municipal na soma de todas as cidades do país. O número, que considera os dados parciais fechados até as 20h de domingo, é superior ao do primeiro turno (13,2%).

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No Rio, o desencanto foi ainda maior. Um a cada cinco eleitores que foram às urnas (20,1%) não votou em ninguém. O índice é maior do que o do segundo turno de 2000, quando 15,6% dos eleitores votaram branco ou nulo quando César Maia foi eleito.

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Se você está numa cidade onde houve votação hoje, como foi seu dia nas urnas?

 

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Como os candidatos gastam onde há segundo turno http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/29/como-os-candidatos-gastam-onde-ha-segundo-turno/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/29/como-os-candidatos-gastam-onde-ha-segundo-turno/#respond Sat, 29 Oct 2016 22:58:35 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1644 16019220

No Rio, Crivella tem gastos mais constantes do que no primeiro turno. Em Belém, Edmilson declarou ter gasto mais com adesivos do que com a produção do programa de TV.  Em Recife, Geraldo Júlio acelerou os gastos nesta última semana. Em Florianópolis, praticamente não há despesas declaradas nesta fase da eleição. Em Porto Alegre, a última despesa informada por Melo é de 21 de outubro.

Confira no infográfico abaixo as despesas eleitorais em cada cidade onde há segundo turno. As receitas e doadores estão neste outro post.

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Os novos prefeitos e o enigma da pirâmide http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/28/os-novos-prefeitos-e-o-enigma-da-piramide/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/28/os-novos-prefeitos-e-o-enigma-da-piramide/#respond Fri, 28 Oct 2016 17:30:26 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1636 16130307

Sófocles, em “Édipo Rei”, conta que a esfinge propôs a Édipo a solução do seguinte enigma: “Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três?”. Ele matou a charada dizendo tratar-se do homem, que na primeira infância engatinha, na vida adulta anda a pé e na velhice usa bengala.

É mais ou menos esse o enigma que os novos prefeitos terão de enfrentar para governar melhor as cidades que administrarão a partir de janeiro. O cerne do enigma, no caso, é proposto pela pirâmide, que no Egito é vizinha do monumento à esfinge.

O IBGE divulgou nesta semana a retroprojeção da população de 1980 a 2030. Ela mostra que, paralelamente ao tempo que alguém da minha idade terá levado para percorrer as três fases da esfinge, o Brasil terá passado de um país de jovens para uma nação de adultos.

A sobreposição das pirâmides etárias é fascinante:

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Basicamente, o que o IBGE fez foi foi corrigir retroativamente a distribuição da população por idade, usando dados mais recentes de mortalidade e migração. Os padrões gerais não mudaram tanto.

O que os novos prefeitos têm a ver com isso? Praticamente tudo.

No achatamento da base da pirâmide, há menor taxa de natalidade e, por consequência, proporcionalmente menos crianças.

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Isso vai se refletir na atenção básica à gestante e na demanda por creches e escolas. Isso pode se refletir no tamanho de turmas e tentativas de fechamento de escolas, por exemplo. Cada vez mais o desafio será de qualidade, mais do que de quantidade.

No alargamento do topo da pirâmide, há maior longevidade e, por consequência, proporcionalmente mais idosos. Especialmente mais idosas, porque os homens vivemos menos.

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Isso vai se refletir tanto no atendimento à saúde quanto em questões urbanísticas. Pessoas idosas têm necessidades muito especiais, tanto sociais quanto de saúde. As calçadas, na maior parte das cidades brasileiras, são hediondas. Levante a mão quem nunca viu alguma pessoa idosa tropeçar na rua, ou ao menos quase. O transporte público não é bem adaptado aos idosos. Não raro, há poucas opções de lazer para que as pessoas idosas se mantenham ativas. Isso implica maior gasto com assistência social.

Para quem se interessa em políticas públicas, esses temas estão em parte contemplados nas reportagens do Ranking de Eficiência dos Municípios-Folha, que fiz em coautoria com o mestre Fernando Canzian, há alguns meses.

Mas fica a pergunta: como os eleitos ou os ainda candidatos da sua cidade enfrentam o enigma da pirâmide?

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Conheça a arrecadação nas cidades do segundo turno http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/26/conheca-a-arrecadacao-nas-cidades-do-segundo-turno/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/26/conheca-a-arrecadacao-nas-cidades-do-segundo-turno/#comments Wed, 26 Oct 2016 18:29:49 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1632 16019220

Fiz aqui um infográfico interativo com todas as doações até agora em todas as cidades que têm segundo turno. Para facilitar a diferenciação, pintei de cinza claro todos os candidatos que caíram fora no primeiro turno.

Como não há separação entre o que é doação de cada turno, separei as doações de cada candidato por mês. Surpresa: vários candidatos derrotados no primeiro turno continuaram tendo alguma arrecadação. Precisam, porque muitas vezes saiu mais dinheiro do que entrou.

Mas, em algumas cidades, candidatos derrotados tiveram em outubro mais receita do que candidatos que continuam no páreo.

Em duas cidades (Serra/ES e Suzano/SP), um dos dois candidatos que concorrem ao segundo turno não declararam ter recebido doações em dinheiro.

No infográfico, você também pode ver quem foram os doadores em cada cidade.

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O erro do TSE com a Geni não pode servir de motivo a retrocesso http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/20/o-erro-do-tse-com-a-geni-nao-pode-servir-de-motivo-a-retrocesso/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/20/o-erro-do-tse-com-a-geni-nao-pode-servir-de-motivo-a-retrocesso/#comments Thu, 20 Oct 2016 18:31:18 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1626 Opera-do-malandro

Hoje é o Dia Mundial da Estatística. Segundo a ONU, o tema deste ano é “Melhores Dados, Vidas Melhores“. Por acaso, a Justiça Eleitoral nos traz um ótimo motivo para falar de um aspecto importante sobre a leitura de estatísticas. É a compreensão de que, na ponta, os dados são humanos. Às vezes, até demais.

O Tribunal Superior Eleitoral divulgou, na noite de quarta (19), uma nota tímida de esclarecimento sobre o erro de ter exposto como possível fraude uma suposta doação de R$ 75 milhões a uma candidata recebedora do Bolsa-Família. No final, não era fraude, e sim erro de digitação.

Apesar de todo o jargão de “ciência de dados” e “técnicas de big data” que apregoaram utilizar, esqueceram de um preceito que faz parte do beabá da análise estatística básica: a checagem de outliers, pontos anômalos. Aqui tem um link para quem tiver interesse.

Na nota, o TSE lembra que “com foco na transparência, a Justiça Eleitoral dá publicidade aos dados informados pelos candidatos, que serão analisados e julgados pela Justiça Eleitoral somente após as eleições”. Segundo o TSE, “as informações das prestações de contas são de inteira responsabilidade dos candidatos e partidos, sendo possível retificação dos dados encaminhados a qualquer tempo”.

É verdade. Também é verdade que a divulgação e fiscalização em tempo real das contas eleitorais foi um imenso avanço nas eleições brasileiras.

Nada disso torna menos verdade que foi um fiasco terem exposto uma pessoa modesta a suspeitas sem nem desconfiar de que é quase certamente um erro de digitação uma doação de R$ 75 milhões numa cidade com PIB de R$ 53 milhões, como Santa Cruz da Baixa Verde. Cidade que, aliás, não vai mal no Ranking de Eficiência dos Municípios – Folha.

Jogaram pedra na Geni“, resumiu Bernardo Mello Franco num feliz trocadilho com o nome da candidata e com o clássico da “Ópera do Malandro”.

Há algumas semanas, no final da campanha, escrevi para a Folha uma coluna sobre grandes doações para candidatos e vi uma doação de R$ 15 milhões em Cardoso-SP. Se fosse verdade, seria a maior doação do país, feita pelo diretório local do partido para uma candidata a vereadora.

O problema é que o partido havia doado nada parecido às suas maiores estrelas. Pior: a doação representaria 10% de todo o PIB da pequena cidade. Com a pulga atrás da orelha, enquanto escrevia a coluna procurei o diretório estadual do partido, que me deu o contato do representante no município.

Ele deu risada. Segundo ele, na hora de digitar uma doação de R$ 15 mil, o dedo escorregou e sobraram três zeros. Por sorte eles notaram rápido e imediatamente solicitaram retificação. Voltei a checar uma semana depois, e o TSE ainda não havia retificado o dado.

A nota do TSE sobre o caso da dona Geni lembra que todos os candidatos podem pedir retificação caso haja erro de digitação, mas vendo o perfil da candidata me parece completamente possível que ela mesma nem tenha notado.

Erros como esses ocorrem porque, na ponta, as estatísticas são humanas. Até demais.

Pense nos dados da violência. Eles não vêm da cegonha. Na ponta do processo, foram digitados por algum policial num boletim de ocorrência. No ponto cego mais inocente, se você teve seu celular roubado e não registrou ocorrência, o roubo que você sofreu não consta dos dados da segurança.  Num ponto cego mais complicado, já soube de muitos casos de homicídios serem registrados como “morte a esclarecer”, por exemplo, o que convenientemente leva a uma queda no número de homicídios.

Pense nos dados da saúde. Eles também não vêm da cegonha. Na ponta do processo, eles vêm de prontuários preenchidos por médicos, enfermeiros ou estagiários, geralmente em horários ruins, com pressa para dar conta das tarefas do dia. Não admira que os dados sejam de uma qualidade tão ruim que há incerteza sobre incidências de microcefalia no país antes de a zika colocar o tema na ordem do dia.

Quando pesquisei dados de câncer de mama para uma reportagem, há dois anos, o Rio Grande do Sul apareceu com uma incidência muito alta e Estados mais pobres com incidência bem mais baixa. Será que há mais incidência de câncer de mama no Rio Grande do Sul, onde há campanhas constantes para estimular mulheres a fazer o exame, ou será que há menos notificação em Estados onde há pouca estrutura para que mulheres façam o exame e detectem a doença?

Na ponta, os dados são humanos até demais. Sempre vale a pena levar isso em conta na hora de ler os números. É por isso que, em análise estatística, uma das providências mais básicas é a checagem de “outliers”, de pontos fora da curva. Quando fizemos o REM, alguns municípios ficaram de fora devido a esse tipo de análise – geralmente, nesses poucos casos a qualidade do dado original deixava tanto a desejar que o município distorcia tudo.

As contas de campanha em tempo real foram uma antiga demanda de grupos que defendem a transparência dos dados eleitorais. Por acaso ou não, só chegaram depois que foram proibidas as doações empresariais.

Sim, o TSE e o TCU pagaram um mico imenso ao identificar mas não checar o “outlier”. Expuseram de maneira muito chata uma candidata modesta.

O que não pode é esse erro virar desculpa para um retrocesso, para deixar de divulgar as contas em tempo real nas próximas eleições.  Vale a pena todos ficarmos de olho para que isso não ocorra.

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Conheça o “Censo” dos prefeitos eleitos no primeiro turno http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/03/conheca-o-censo-dos-prefeitos-eleitos-no-primeiro-turno/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/10/03/conheca-o-censo-dos-prefeitos-eleitos-no-primeiro-turno/#comments Mon, 03 Oct 2016 15:35:45 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1616 16212436

Neste domingo (2), 5.509 cidades brasileiras já definiram seus prefeitos. Você foi votar? Em São Paulo, quem não participou da escolha do prefeito (soma de brancos, nulos e abstenções) superou a votação do eleito no primeiro turno.

Dentre os políticos que foram eleitos, 11,5% são mulheres, 29,7% declararam não ser brancos (geralmente pardos) e 47,8% disseram não ter ensino superior completo.

Pouco mais de um terço dos eleitos (34,3%) nasceu na cidade que governará.

Em média, têm quase 49 anos de idade. A idade mínima para ser prefeito é 21, mas apenas dois dos eleitos eram assim tão jovens: Pedro Henrique Machado, de Alto Alegre (RR) e Leonardo Caldas Lima, de Milagres do Maranhão (MA). Na outra ponta, está Professor Josibias Cavalcanti, eleito em Catende (PE) aos 88 anos.

Todas as medidas variam por partido. Entre os mais de mil eleitos pelo PMDB, por exemplo, a média de idade é de 50 anos e meio. Em partidos menores, as médias variam mais. Os dois eleitos pelo PSOL têm em média 53 anos, a mais alta do Brasil. Já entre os cinco eleitos pela Rede, a média é de 42 anos.

Os três partidos que elegeram mais de 500 prefeitos, em média, elegeram 12% de mulheres. Já o PMB (Partido da Mulher Brasileira), que elegeu três prefeitos, tem dois terços de mulheres, apesar das críticas à quantidade de homens que fundaram a sigla.

Explore os dados abaixo. Clicando na quantidade de prefeitos eleitos por partido em 2016, você verá os dados mudarem.

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Faroeste caboclo das eleições deixa 28 mortos em três meses http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/09/29/o-faroeste-caboclo-das-eleicoes-no-interior-do-pais/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2016/09/29/o-faroeste-caboclo-das-eleicoes-no-interior-do-pais/#comments Thu, 29 Sep 2016 17:26:48 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=1599 141218163328_escola_paquistao_balas_624x351_afp_nocredit

Desde junho, antes do registro de candidaturas, ao menos 28 aspirantes a cargo eletivo foram mortos. José Gomes da Rocha, o candidato a prefeito morto na última quarta-feira em Itumbiara (GO), foi o mais recente, até o fechamento deste texto. 

Esta eleição está mais violenta do que outras? Difícil saber. O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, manifestou preocupação ao ver ocorrer uma morte numa região que conhece bem, mas a situação já estava preocupante antes. 

A Justiça Eleitoral contabilizava nesta semana 100 candidatos que morreram após se candidatarem. É normal: o coração, o câncer e acidentes variados não escolhem hora para matar. Mas 15 desses 100 estão entre os que sabemos terem morrido assassinados. Os outros 12 do levantamento morreram antes do prazo de candidatura. Um desistiu.

Na maior parte dos casos, os mortos são candidatos a vereador – apenas Gomes da Rocha chegou a fazer campanha para prefeito. Devido à quantidade de candidatos, a disputa para vereador atrai gente de todo tipo de perfil. (Não incluí casos em que o morto não se candidatou e a notícia não indicava intenção de se candidatar. Mas havia alguns, como duas mortes de vereadores de Ortigueira/PR.)

Parte das mortes pode estar ligada à criminalidade urbana: ao menos um quarto dos mortos tinha carreira como policial e pelo menos proporção semelhante tinha acusação prévia de envolvimento com crime organizado. Isso ocorre especialmente no Rio de Janeiro, Estado que concentra mais de um terço das mortes detectadas.

O que chama mais a atenção no levantamento, feito com o monitoramento de sites de notícias regionais, é a quantidade de tiros nas execuções. Só em 23 de agosto, foram mortos dois candidatos com 15 tiros cada um, no interior do Maranhão e no litoral de São Paulo. Em algumas notícias, menciona-se apenas “vários” tiros. Às vezes de armas com três ou quatro calibres diferentes. 

É raro que a polícia veja motivação política nos crimes. Já houve assassinato em disputa por lugar em fila, em Aragominas (TO). No Rio, considerando aspirantes a vereador mortos desde 2015, a polícia só havia encontrado motivação política em duas de 13 mortes. A situação na região da Baixada Fluminense está tão complicada que em uma cidade um candidato a prefeito desistiu de concorrer e noutra um passou a andar de carro blindado.

Na Bahia, um homem que teria ficado rico com a Telexfree e queria concorrer a prefeito foi morto por encomenda de uma namorada que também saía com um traficante, segundo a polícia. Outro morto fora acusado de ter um desmanche de carros roubados. Um terceiro, segundo a polícia, foi morto por uma dívida de drogas.

Ainda que de fato não haja motivação política nos assassinatos, eles de qualquer maneira refletem um grau de violência preocupante. Como desarmar isso?

ATENÇÃO: se você conhecer algum caso não contemplado, ocorrido desde junho, dê um link nos comentários e avalio a inclusão.

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