Afinal de Contasdados – Afinal de Contas http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br por Marcelo Soares Mon, 31 Oct 2016 12:55:38 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Matemática ruim impede o Brasil de aproveitar marés de dados http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/06/27/matematica-impede-o-brasil-de-aproveitar-mares-de-dados/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/06/27/matematica-impede-o-brasil-de-aproveitar-mares-de-dados/#comments Wed, 27 Jun 2012 15:46:33 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=486

Um curioso outro dia precisou ensinar um programador a calcular média aritmética. Parece inusitado, mas uma reportagem da Folha mostra que isso não é incomum. Segundo o repórter Helton Simões Gomes, a falta de conhecimento em matemática impede o desenvolvimento do setor de tecnologia de informação no Brasil.

“Com mercado de trabalho empregando 1,2 milhão de profissionais, o Brasil forma 85 mil, segundo a Brasscom (associação das empresas de tecnologia). O México, principal rival regional, forma 115 mil e tem 600 mil vagas”, diz a reportagem. Em 2010, empresas já diziam que precisavam contratar no exterior para desenvolver TI no Brasil.

LEIA MAIS
Matemática é pedra no caminho do setor tecnológico (Folha)
Escassez de mão de obra especializada leva companhias a contratar no exterior (Valor Econômico, 2010)
How Target Figured Out a Teen Girl Was Pregnant Before Her Father Did (Forbes, com matéria do New York Times)
Estudo comparativo sobre o ambiente institucional e de negócios de TIC em seis países da América Latina (Brasscom, seleção de conclusões)
O mercado dos profissionais de TI no Brasil (Brasscom)

Três habilidades são necessárias para trabalhar com tecnologia da informação: matemática, lógica de programação e inglês. Este último está deixando de ser problema. De acordo com levantamento da Brasscom, o entrave é a matemática, mal ensinada na educação básica.

Isso se reflete na qualidade dos produtos e serviços eletrônicos disponíveis no Brasil. Reflete-se até mesmo na quantidade de startups tecnológicas que apresentamos ao mundo. No levantamento da FastCompany sobre as 50 empresas mais inovadoras do mundo, o Brasil tem duas: a Boo-Box, de anúncios em mídias sociais, e a Bug Agentes Biológicos, que substitui pesticidas por insetos liberados de avião. É excelente termos ambas, mas é pouco no sétimo maior mercado mundial de TI.

O sucesso inicial do Google, criado no final dos anos 90, se devia a um algoritmo complexo que calculava a relevância de uma dada página ponderando pelo número de referenciadores nos resultados.

Na época, aqui no Brasil, nosso buscador nativo se chamava “Cadê”. Era basicamente um catálogo de páginas. Funcionava, mas não calculava relevância. Estava anos atrasado em relação ao que de melhor havia no mercado. Desde então, nunca mais ouvi falar de nenhum buscador nacional. “Não precisa, tem o Google”, alguns dirão. Será? Tenho dúvidas, e olha que eu uso bastante o Google.

Um dos aplicativos mais fascinantes que tenho usado para ler notícias e artigos que me surpreendam chama-se Zite. Ele está disponível para o iPad. A partir dos assuntos em que eu informei ter interesse e do que eu li e deixei de ler, do que eu marquei que gosto e do que eu marquei que não gosto, do que minhas redes sociais recebem ou deixam de receber, o Zite “aprende” que tipo de texto eu posso gostar de ler. Quanto mais eu uso, mais preciso ele fica.

O algoritmo é bastante complexo, segundo o blog deles. Este é o diagrama:

Zite

Todos os aplicativos relacionados a noticiário que eu conheço no Brasil funcionam basicamente pegando notícia de lá e trazendo para cá, sem muita inteligência por trás. Sempre se pode esperar pela versão traduzida dos aplicativos gringos. Mas é uma oportunidade que se perde.

Outra área relevante é a de garimpagem de informações nos dados produzidos por uma empresa para descobrir onde mexer para melhorar o desempenho. Sempre que ouço casos de sucesso em “business intelligence” e “data mining”, são casos de fora do Brasil. O mais recente é o da grife Target, que detectou a gravidez de uma adolescente antes mesmo que seu pai soubesse.

Não que as modas quantitativas não cheguem ao Brasil. Chegam, mas como item de despesa. Quando a moda eram sistemas de ERP (planejamento de recursos empresariais), as empresas gastaram grana pra comprar. Agora, a moda é falar em “big data”. E dê-lhe grana em novos sistemas. Quero conhecer os resultados, você conhece?

O problema: cada vez mais as empresas e indivíduos produzem dados. Esses dados ficam lá, guardadinhos, esperando serem “entrevistados” para contar alguma coisa. E o Brasil pouco aproveita. Quem aproveita? O Facebook, por exemplo, de maneira muito complicada para a privacidade dos usuários.

Quero conhecer casos brasileiros de uso inteligente das possibilidades dos dados. Mas parece que a falta de conhecimento matemático impede até mesmo que eles surjam.

Você conhece casos para apresentar? Conte aqui.

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IBGE bem interessante nesta semana http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/04/25/ibge-bem-interessante-nesta-semana/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/04/25/ibge-bem-interessante-nesta-semana/#respond Wed, 25 Apr 2012 16:52:23 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=212 Hoje, o IBGE publicou uma pesquisa sobre as características dos hotéis nas capitais e regiões metropolitanas. A Folha.com publicou uma nota informando os principais pontos da pesquisa.

As tabelas completas (no site do IBGE) têm dados interessantes: número de leitos, tipo de rede, categoria (luxo, turismo etc). O que você consegue descobrir nelas? Eu descobri, por exemplo, que Fortaleza tem mais motéis do que hotéis.

Sexta, o IBGE divulga os resultados gerais e os microdados da amostra.

A amostra é uma parcela da população a quem foi aplicado um questionário mais detalhado (baixe aqui), que verifica características do domicílio e até quantidade de aparelhos de TV em casa. Em novembro já saíram resultados preliminares, mas estes setão mais detalhados.

Microdados são o ouro. Eles trazem cada resposta de cada questionário preenchido, codificada. Geralmente são dados grandes, difíceis de abrir, mas permitem muita flexibilidade para analisar os dados. Você pode ver por exemplo só os dados de índias maiores de 62 anos com dificuldade de caminhar e mãe viva.

Fique de olho.

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