Afinal de Contasplanilha – Afinal de Contas http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br por Marcelo Soares Mon, 31 Oct 2016 12:55:38 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Todos os números da Mega-Sena até hoje http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/06/12/todos-os-numeros-da-mega-sena-ate-hoje/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/06/12/todos-os-numeros-da-mega-sena-ate-hoje/#comments Tue, 12 Jun 2012 15:33:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=438

Outro dia escrevi um post sobre os números da Mega-Sena. Foi o mais lido de toda a história do blog.

Pelo que eu vi nos comentários, muita gente confia que a Mega-Sena vai mudar sua vida. Muita gente boa, inclusive, aposta os mesmos números há anos e estranha por que não saíram – talvez seja porque precise apostar 50 milhões de vezes a combinação.

Eu mesmo não jogo, porque sei que as chances de saída estão contra mim. Uma chance em 50 milhões? Tenho mais chance de morrer com um raio na cabeça.

(Mano Graciliano Rocha, quando era correspondente da Folha em Porto Alegre, escreveu sobre como os apostadores do bolão premiado que esqueceu de registrar a aposta desafiam a matemática. Belo texto, vale ler.)

O post fez sucesso, mas esqueci de postar minha planilha. Hoje, com três concursos acumulados e o sorteio amanhã, posto agora a planilha completa.

LEIA MAIS
Todos os números e prêmios da Mega (Google Docs)

Na planilha, pode-se descobrir que:

      • Dos 1.395 concursos da Mega-Sena, o prêmio acumulou 1.090 vezes e saiu 305 vezes
      • Dois números repetiram da vez anterior em 111 concursos. Três, em 11 concursos. Quatro, uma vez. Cinco, uma vez. Seis, nunca.
      • O número mais frequente é o 5, que saiu 172 vezes (a mais recente foi em 6/6). É raro um número sair tanto, mas está dentro da distribuição normal. O mais comum é um número ter saído de 131 a 151 vezes. Foram 20 vezes cada um.

    • O máximo de vezes seguidas em que o prêmio acumulou foi 13 vezes. Isso aconteceu três vezes, em 2002, 2004 e 2006. Apenas em 2006 um ganhador levou sozinho a bolada de R$ 34.172.202,25
    • Em 720 concursos, pouco mais da metade do total, número nenhum foi repetido em relação ao anterior. Em outros 551, incluindo os últimos sete concursos, repetiu um.
    • O maior prêmio já pago foi em 6 de outubro de 2010. Um ganhador levou para casa R$ 119.142.144,27 – depois de nove vezes em que o prêmio acumulou.
    • O maior número de ganhadores repartindo o prêmio de uma vez só: 15, no dia 14 de janeiro de 2004, depois de quatro acúmulos. Cada um levou R$ 348.732,75 . Segundo o amigo Rubens Bonfim, que já foi assessor de imprensa da Caixa, a causa foi prosaica: uma empresa que fazia biscoitos da sorte imprimiu várias vezes o mesmo número e esses 15 tiveram a mesma ideia de jogar.

O que VOCÊ encontra nestes números? Será que consegue tirar uma aposta infalível?

Na última vez em que postei sobre loterias, um leitor questionou se não existe a possibilidade de os resultados nesse banco de dados serem maquiados. Eu acho difícil, mas existe um meio de conferir. Sempre que sai o resultado, ele é publicado pelos jornais. Os arquivos de vários, incluindo o da Folha, estão na internet. Dá trabalho, mas você pode checar a cada edição em que os números foram publicados.

Mas cuidado: eu e meus colegas erramos mais vezes do que gostaríamos (como qualquer outro tipo de profissional, aliás), e já ouvi falar de casos em que os números da loteria foram publicados com erro. Quando é na Folha, costuma sair “Erramos” depois, corrigindo o número.

Se você tirar a Mega acumulada usando esta planilha, mande um e-mail para mim que eu conto sua história e seu método aqui no Afinal de Contas. Não conto seu nome, se você preferir o anonimato.

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Você passa mais tempo no trânsito do que com sua família http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/06/03/voce-passa-mais-tempo-no-transito-do-que-com-sua-familia/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/06/03/voce-passa-mais-tempo-no-transito-do-que-com-sua-familia/#comments Sun, 03 Jun 2012 20:40:25 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=412

Este post é o quinto da série “Olho no Censo”, que verifica curiosidades disponíveis na riqueza de dados dos Resultados Gerais da Amostra.

Sexta, a cidade chegou ao seu recorde de congestionamento, com 295km na medição da CET e 562 km na medição da Maplink. Eu brincava com os colegas: mais gente precisa tirar o carro de casa para chegarmos logo aos 300. Mas faltou patriotismo dos motoristas para chegarmos ao número redondo e garantir mais um orgulho para São Paulo.

Hoje, Cotidiano traz uma reportagem que faz as contas: o paulistano perde 17 dias por ano no trânsito. Isso é mais que o dobro dos feriados nacionais (8), num país notório pela quantidade de feriados.

LEIA MAIS
Paulistano desperdiça 17 dias por ano no trânsito (aberto assinantes)
Planilha com os tempos de deslocamento por cidade (Google Docs)

O dado usado na reportagem de hoje vem do Censo. Segundo os resultados da amostra, no município de São Paulo quase 6% dos moradores levam mais de duas horas se deslocando para o trabalho. Para fugir de aluguéis caros, ou comprar um imóvel em conta, muita gente vai morar longe do trabalho. Aí acontece o seguinte: 15% dos moradores de Itapecerica da Serra, uma cidade ao lado de São Paulo, levam mais de duas horas para ir e voltar do trabalho.

Embora em São Paulo mais gente sofra com a tranqueira, não é só aqui que se leva tanto tempo no deslocamento: ao todo, apenas em 28 cidades no Brasil ninguém na amostra do IBGE levava mais de uma hora em seus deslocamentos. A maioria delas é de cidades pequenas na região Sul.

Não existe solução simples para o problema, muito menos existe solução que não passe por restringir a quantidade de carros em circulação. Mas os engarrafamentos são um orgulho tão grande para São Paulo que meramente pensar em tocar no assunto dos pedágios urbanos leva a reações emocionais. O ex-governador e pré-prefeitável José Serra andou dizendo outro dia que o prefeito que fizesse isso arriscaria um impeachment.

(Como todo motorista vota, e como os motoristas paulistanos adoram seus carros por mais stress que lhes causem, imagino que prometer pedágio urbano não deva atrair muitos votos mesmo. O que não significa que essa questão não deva ser debatida no seu mérito por quem deseja administrar a cidade.)

Nessas horas, é sempre fácil culpar “o governo, que não faz nada”. E pouco faz mesmo. Mas será que a responsabilidade é toda só dele? Ou só de um deles? Será que a gente não tem um pouco de responsabilidade em reduzir o nosso próprio sofrimento também?

Não tenho solução no bolso para a cidade, e mandem me internar se um dia eu disser que tenho. Desconfio sempre quando alguém tem UMA solução pronta na ponta da língua para um problema complexo (“a solução é a bicicleta”, “a solução é o metrô”, “a solução é…”). Só sei que não se chega a uma situação caótica assim sem um esforço coletivo e suprapartidário entre diferentes esferas do governo, empresas e cidadãos. Minha distribuição das responsabilidades:

  • Governo federal: incentiva a venda de carros e historicamente colaborou pouco com a expansão de meios de transporte público mais adequados às grandes cidades brasileiras.
  • Governo estadual: é o responsável pelo metrô, um dos grandes desafogadores do trânsito, mas demorou tanto a expandi-lo que qualquer pouca expansão que crie hoje em dia acaba lotando rapidinho.
  • Governo municipal: permite estacionamento em praticamente todas as ruas, o que reduz o espaço para circulação dos carros que estão na rua e ao mesmo tempo estimula o motorista a circular, porque dependendo não terá custo para parar. Proibiu a circulação dos fretados em parte da área urbana, incentivando trabalhadores a ir de carro. Expandiu praticamente nada os corredores de ônibus.
  • Empresas: início e fim de expediente, na maior parte dos casos, se concentram sempre nas mesmas horas, o que concentra a demanda pelas ruas (já sobrecarregada). Construtoras têm uma responsabilidade extra pelo engarrafamento. Há alguns anos, a Folha noticiou que novos empreendimentos imobiliários na cidade eram feitos sem levar em conta a capacidade das ruas do entorno, causando engarrafamentos até na garagem do prédio. Mais recentemente, o jornal mostrou que os empreendimentos trava-trânsito se concentram na área nobre de São Paulo.
  • Cidadão: mora longe do trabalho, ou trabalha longe de casa. Pode não ter muita escolha nisso, nem muita escolha nos horários, mas tem escolha em como ir para o trabalho. Lógico que na maior parte do tempo o cidadão é vítima desse quebra-cabeça cruel que é o trânsito. Mas ao mesmo tempo quem está preso no trânsito é parte do problema. E, se você pega o carro até para ir à esquina, certamente você é uma engrenagem importante dele.

Cada um tem sua forma de viver com isso, equilibrando do melhor jeito que consegue as bolas que caem no seu colo.

No Twitter, o @wilerson me contou que se mudou para mais perto do trabalho quando fez a conta de que perdia um mês por ano no trânsito. O @kadu_nogueira contou que seus colegas o odeiam porque mora a 100 metros do escritório. O @yusana trabalhou por um ano no mesmo prédio onde vive – mas engordou 20 quilos no período.

Eu nunca quis aprender a dirigir e faço questão de morar perto do trabalho (ou trabalhar perto de casa). Li a frase do título deste post pichada num muro da Consolação, há alguns anos, e nunca me saiu da cabeça. Resume bem o que eu penso da mera ideia de ficar preso no trânsito todo dia.

Conte aqui nos comentários o seu jeito pessoal de lidar com esse problema.

OLHO NO CENSO:
Bem casado é quem bem vive (28.abr)
No trabalho, menos crianças e mais velhos (1.mai)
Tá em casa (4.mai)
Botando as mães no meio (12.mai)
Você passa mais tempo no trânsito do que com sua família (3.jun)

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Juro, o imposto sobre o medo, tem sua maior baixa http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/30/selic/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/30/selic/#comments Wed, 30 May 2012 23:46:54 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=403 O Copom anunciou hoje a redução da taxa básica de juros, a Selic, para 8,5% ao ano. É a menor taxa da história da Selic, criada em março de 1999. A partir desta reunião, o Banco Central será obrigado a tornar público o conteúdo do voto de cada diretor.

LEIA MAIS
Em decisão histórica, taxa de juros cai a 8,5% ao ano (Folha.com)
Queda da Selic terá pouco impacto sobre juros do crédito (Folha.com)
Saiba como bancos avaliam cliente (Folha.com)
Planilha com todo o histórico da taxa (Google Docs)

Juros são uma espécie de “imposto sobre o medo”. Quanto mais medo o mercado tem de não ser pago, maior o juro. Quanto mais medo o mercado tem que os investimentos fujam, maior o juro. Quanto mais medo o banco tem que o cliente dê calote, maior o juro para ele.

Sim, o juro varia de acordo com o perfil do cliente. Alguém que não acompanha o noticiário econômico pode ler isto e perguntar por que raios o juro do seu cartão de crédito é de mais de 10% ao mês. Ainda na semana passada, o BC informou que a taxa média de juros ao consumidor era de 40% ao ano.

Isso se deve ao spread bancário, que é a diferença entre o que o banco paga pelo dinheiro e o que ele cobra dos clientes. Mais de um terço desse custo é atribuído à inadimplência. O infográfico abaixo é de 2009, mas é bastante didático:

Observe como as mais altas corcovas da escalada dos juros estão em 1999, quando o Brasil desvalorizou o real, e em 2002, quando houve a eleição presidencial em que Regina Duarte foi à TV afirmando ter medo. Depois tem outra corcova em 2005, época do mensalão, e outra em 2008, quando estourou a crise mundial.

Clique nesse gráfico aí em cima para ver o gráfico interativo com todo o histórico da Selic, mais a planilha completa com os dados.

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Olho no Censo (4): Botando as mães no meio http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/12/olho-no-censo-4-botando-as-maes-no-meio/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/12/olho-no-censo-4-botando-as-maes-no-meio/#comments Sat, 12 May 2012 15:00:51 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=318

Este post é o quarto da série “Olho no Censo”, que verifica curiosidades disponíveis na riqueza de dados dos Resultados Gerais da Amostra.

Sim, amanhã é o dia das mães e todo mundo quer fazer sua homenagem. A revista Forbes fez um ranking das mães mais poderosas do mundo (com Hillary Clinton em primeiro lugar e Dilma Rousseff em segundo). O Afinal de Contas, claro, vai olhar os dados do Censo.

(E ilustrar com esta linda foto da jornalista Kalu Brum, que organizou um “mamaço” num centro cultural de São Paulo há um ano, depois de ter essa foto vetada por obscenidade no Facebook.)

Uma das variáveis importantes que a amostra do Censo leva em conta é a quantidade de mulheres com mais de 10 anos que tiveram filhos. Em média, no Brasil, 62% das mulheres têm filhos. Nas tabelas disponíveis no site, não dá para ver por faixa etária. Mas é possível ver a proporção de mulheres com filhos.

VEJA OS DADOS
Planilha com dados nacionais (Google Docs)
Todas as tabelas da amostra do Censo (IBGE)

Um número muito alto pode significar que as mulheres costumam ter filhos mais cedo num determinado lugar. Ou que menos mulheres trocam a maternidade pela carreira – ainda que a carreira religiosa. Ou alguma outra coisa que não dá para avaliar só olhando os números. Não dá para ter qualquer certeza sem olhar os dados mais detalhados.

Em 406 cidades brasileiras, mais de 7 em cada 10 mulheres tiveram filhos. Elas estão em 14 Estados. Geralmente são cidades de poucos habitantes.

No Goiás de “Dois Filhos de Francisco”, em quase 4 de cada 10 cidades haverá mais de 7 em cada 10 mulheres recebendo parabéns amanhã. No Rio Grande do Sul, duas cidadezinhas – Porto Vera Cruz e Coronel Pilar – terão quase oito em cada dez mulheres recebendo os parabéns.

UF Cidades com mais de 70% das mulheres com filhos Total cidades % de cidades com mais de 70% de mulheres com filhos
 GO 91 246 37%
 RS 93 497 19%
 PR 58 399 15%
 TO 19 139 14%
 SC 33 293 11%
 SP 68 645 11%
 MT 13 141 9%
 MS 7 78 9%
 RO 2 52 4%
 PI 5 224 2%
 PA 2 143 1%
 MG 11 853 1%
 ES 1 78 1%
 BA 3 417 1%

E os filhos por mulher?

No Brasil, a média é 1,86 filhos por mulher – essa é a medida internacionalmente aceita. Só que essa conta leva em consideração inclusive as mulheres que não tiveram filhos. Considerando apenas as mulheres que tiveram filhos, a média brasileira é de 3,1 filhos por mulher.

Você pode dizer: “ah, mas eu sou filho único”. Outro leitor dirá que tem 4 irmãos. Some a prole da sua mãe à prole da mãe do outro leitor, divida por dois e teremos aí, grosseiramente, a média de três filhos por mulher.

Em 66 cidades, a média é de 5 filhos ou mais por mulher que teve filhos. Se colocarmos as mulheres sem filhos nessa conta, não passam de 3,5 por mulher. Onde estão essas cidades? Especialmente no Nordeste e Norte do Brasil.

UF Municípios com média maior que 5 filhos por mulher que teve filhos Total de municípios % dos municípios do Estado
 AL 12 102 11,8%
 AC 2 22 9,1%
 PB 14 223 6,3%
 AP 1 16 6,3%
 MA 10 217 4,6%
 PE 8 185 4,3%
 SE 2 75 2,7%
 AM 1 62 1,6%
 TO 2 139 1,4%
 CE 2 184 1,1%
 RN 6 767 0,8%
 BA 3 417 0,7%
 PA 1 143 0,7%
 PI 1 224 0,4%
 MG 1 853 0,1%

DESAFIO: Dia das Mães é dia de festa, não de tristeza. Mas a partir  dos dados dessa planilha, usando aritmética muito simples, você pode descobrir qual a média de filhos que morreram por mulher que teve filhos. Há uma cidade no país em que em média cada mulher que teve filhos teve quase seis e perdeu quase dois. Você consegue descobrir qual é?

E o que mais você consegue descobrir de interessante nesta planilha? Conte aqui na caixa de comentários – agora integrada ao Facebook.

OLHO NO CENSO:
Bem casado é quem bem vive (28.abr)
No trabalho, menos crianças e mais velhos (1.mai)
Tá em casa (4.mai)
Botando as mães no meio (12.mai)

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O pior lugar para conflitos de terra? Maranhão. http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/10/o-pior-lugar-para-conflitos-de-terra-maranhao/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/10/o-pior-lugar-para-conflitos-de-terra-maranhao/#comments Thu, 10 May 2012 20:22:29 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=312

Quando pensamos em conflitos no campo, lembramos da Amazônia: assassinatos como os de Chico Mendes (no Acre) e da freira Dorothy Stang (no Pará) ganharam repercussão internacional. O Pará é o Estado que vem mais prontamente à memória, por conta dos grileiros. Mas onde mais ocorrem conflitos de terra, mesmo, é o Maranhão.

VEJA OS DADOS
Planilha de conflitos no campo (Google Docs)
Relatório Conflitos no Campo 2011 (CPT, em PDF)

Os dados são do relatório lançado nesta semana pela Pastoral da Terra. Está em PDF, e converti as principais tabelas em planilha.

O Maranhão foi o Estado que mais teve conflitos no campo no ano passado. Foram 251, ou quase 2 em cada 10 conflitos ocorridos no campo no Brasil. Deles, 224 conflitos foram por terra. Como o Pará é mais visível por causa de todos os problemas de terra, o Maranhão acaba ficando meio fora do nosso radar. Mas o ano passado foi bastante agitado por lá, se formos olhar o que foi publicado pela Folha.

No ano passado, houve menos mortes no Maranhão do que no Pará – foram 7 contra 12 -, mas houve muito mais ameaças. O relatório da CPT mostra 116 pessoas ameaçadas de morte no Maranhão, contra 78 no Pará.  Pouco mais de um terço dos ameaçados em conflitos no campo no país estavam lá. Mais da metade dos ameaçados maranhenses (68) vive em quilombos. Dois deles foram mortos, em maio e junho – quando ainda havia apenas 59 ameaçados, segundo reportagem do Ricardo Schwarz.

Agora há pouco, entrando no site da Pastoral da Terra para buscar o link do relatório, vi que há uma discussão entre as autoridades maranhenses e a Pastoral da Terra sobre a definição desses conflitos. Para as autoridades locais, são conflitos de vizinhos. Para a Pastoral da Terra, são conflitos de terra. Vale a pena acompanhar.

O que mais você consegue descobrir nesta planilha?

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Quanto são US$ 10 bilhões na Bolsa? http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/03/ipo-facebook/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/03/ipo-facebook/#comments Thu, 03 May 2012 21:30:17 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=280

Saiu a avaliação de quanto o Facebook pretende levantar no mercado ao abrir parte do seu capital na Bolsa neste mês: mais de US$ 10 bilhões. Isso é o dobro do que se falava em março. E pode chegar a US$ 13,6 bi, diz a notícia.

Esse não é o valor inteiro da empresa: para manter o controle, eles só vendem uma parte pequena das ações – apenas 5% delas. Só Mark Zuckerberg controla 28,4% das ações. Isso vai lhe dar 57% dos votos nas decisões da empresa, segundo a Slate.

BAIXE OS DADOS
Planilha com as 27 maiores IPOs do mundo e todas as IPOs brasileiras desde 2004 (Google Docs)
Prospecto do IPO do Facebook (SEC)

Bilhões têm tantos zeros que é difícil manter a perspectiva. Vamos ver algumas comparações, então.

Se o Facebook conseguir levantar US$ 10 bi no mercado, será a maior IPO (sigla para oferta pública inicial de ações) do setor de internet, mas apenas a sexta maior dos EUA e a 15ª maior do mundo. Terão levantado seis vezes o que o Google levantou ao ofertar suas ações no mercado. Se chegar aos US$ 13,6 bi que incluem os lotes suplementares, será a nona maior abertura de capital do mundo.

Até hoje, só uma IPO brasileira entrou entre as 27 maiores do mundo, segundo lista mantida pela Renaissance Capital: a do Santander Brasil, que negociou R$ 13,2 bilhões em ações em 2009 – ou pouco mais de US$ 7 bi. Com US$ 13,6 bi, a do Facebook seria quase o dobro.

Os US$ 13,6 bilhões que o Facebook pretende levantar valem hoje R$ 25,9 bilhões. Mais da metade dos R$ 45 bilhões que o governo brasileiro prometeu colocar no BNDES para emprestar a empresas brasileiras. (Duas diferenças: o Facebook é uma só empresa e vai usar a Bolsa, não empréstimos oficiais, para se capitalizar.)

Fiz uma planilha com os dados das 25 maiores IPOs globais de todos os tempos e de todas as IPOs brasileiras de 2004 até hoje. Bom proveito.

EDITADO: Incluí o valor dos lotes suplementares.

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Olho no Censo (2): No trabalho, menos crianças e mais velhos http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/01/olho-no-censo-2-no-trabalho-menos-criancas-e-mais-velhos/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/05/01/olho-no-censo-2-no-trabalho-menos-criancas-e-mais-velhos/#comments Tue, 01 May 2012 20:48:10 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=272

Este post é o segundo da série “Olho no Censo”, que verifica curiosidades disponíveis na riqueza de dados dos Resultados Gerais da Amostra.

Os resultados da amostra do Censo 2010 mostram que o mercado de trabalho tem cada vez menos crianças e mais cabeças brancas. Há menos trabalho de quem não deveria trabalhar, mas mais trabalho de quem não deveria precisar trabalhar.

VEJA OS DADOS
Planilha com dados nacionais (Google Docs)
Todas as tabelas da amostra do Censo (IBGE)

Em 2000, crianças representavam 2,1% da população economicamente ativa brasileira; os idosos, 0,9%. Apenas no Rio de Janeiro havia mais idosos do que crianças trabalhando.

Em 2010, crianças representavam 1,35% da população ativa brasileira e os idosos representavam 1,36%. Os Estados onde havia mais cabeças brancas do que dentes de leite no mercado de trabalho já eram oito: RN, PB, MG, RJ, SP, RS, MS e DF.

Na maior parte dos Estados, caiu nesses dez anos a proporção de crianças que trabalham – menos no Amazonas, Roraima, Amapá e Distrito Federal – este, o único Estado rico entre eles. Já a proporção dos idosos subiu em todos os Estados, menos Rio Grande do Norte.

De um lado, há um esforço para manter crianças na escola. Hoje, no Brasil, 97% das crianças entre 7 e 14 anos de idade estudam. Na ponta dos idosos, existe uma expectativa de vida cada vez maior e a necessidade de complementar a renda da aposentadoria – isso quando ela existe.

O que você consegue descobrir nesses dados? O que você pensa sobre o maior número de idosos no mercado de trabalho?

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Olho no Censo (1): Bem casado é quem bem vive http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/04/28/olho-no-censo-1-bem-casado-e-quem-bem-vive/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/04/28/olho-no-censo-1-bem-casado-e-quem-bem-vive/#comments Sat, 28 Apr 2012 17:47:53 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=256

Este post é o primeiro da série “Olho no Censo”, que verifica curiosidades disponíveis na riqueza de dados dos Resultados Gerais da Amostra.

“Quando você vai parar de enrolar sua mulher?” é uma pergunta cada vez mais comum no Brasil, a julgar pelos dados da amostra do Censo divulgados ontem. Mais de um terço dos casais no Brasil vivem como Angelina Jolie e Brad Pitt viveram de 2005 até este ano.

Nos dez anos entre os dois últimos Censos, subiu de 28,6% para 36,4% o número de casais que vive no que o IBGE chama de “união consensual”. Trata-se daquele tipo de união que você conhece como “juntado” e Silvio Santos costumava descrever como “tico-tico no fubá”.

VEJA OS DADOS
Planilha com dados nacionais (Google Docs)
Todas as tabelas da amostra do Censo (IBGE)

LEIA MAIS
Mortalidade infantil cai pela metade em 10 anos, diz IBGE” (Para assinantes)

Em quinze Estados do Brasil, a situação é mais comum do que a de casar só em cartório ou só na igreja. Em cinco Estados (Amapá, Roraima, Pará, Amazonas e Acre), é mais comum viver junto do que qualquer outra formalização do casório. O campeão é o Amapá, onde 63% dos ouvidos pelo Censo disseram viver assim.

O Estado mais conservador? Minas Gerais. Lá, 58% dos ouvidos casaram de papel passado e bênção do padre, tudo como manda a tradição.

Este é o mapa devidamente colorido, do amarelo (25% a 35% em união consensual) ao marrom (mais de 55% em união consensual):

E esta é a versão interativa desse mapa. Clique nos Estados e veja casamentos e uniões consensuais. Era para ser o mesmo mapa, mas ainda não descobri como fazer as cores do Fusion Tables entrarem no WordPress. Algum leitor sabe?

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Na próxima vez em que lhe perguntarem quando vai deixar de enrolar sua (seu) amada (o), indique este post e esta reportagem publicada em fevereiro pela revista Sãopaulo, mostrando o tamanho da fila de espera para casar na cidade.

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Os dados dos Vingadores http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/04/27/os-dados-dos-vingadores/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/04/27/os-dados-dos-vingadores/#comments Fri, 27 Apr 2012 15:13:56 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=239

“…E houve um dia, um dia como nenhum outro, em que os maiores heróis da Terra se viram unidos contra uma mesma ameaça. Naquele dia, os Vingadores nasceram – para combater os inimigos que nenhum herói poderia derrotar sozinho!”

Há 10 anos, colo essa frase todo mês no topo da página de apresentação de cada história dos Vingadores. Sou tradutor de quadrinhos há esse tempo todo, e foi uma satisfação imensa assistir ao filme do supergrupo em pré-estreia nesta semana.

LEIA MAIS
“‘Os Vingadores’ faz aceno a 11/9” (Ilustrada)
Os Novos Vingadores – Motim” (encadernado)
Planilha com todos os Vingadores dos quadrinhos
(Google Docs)

No século passado, quando comecei a ler quadrinhos, o grande atrativo de um gibi de equipe de heróis era ver um monte de personagens juntos pelo preço de uma só revista.

Esse é apenas um dos atrativos do filme, que pega personagens de quatro franquias da Marvel (Hulk, Homem de Ferro, Thor e Capitão América) e coloca todos juntos para combater inimigos que nenhum deles poderia derrotar sozinho. No caso, uma trama de Loki, que não apenas veio do primeiro filme do Thor como também foi o responsável por unir os Vingadores nos quadrinhos. É bastante interessante a cena de Loki tentando impor seu domínio na Alemanha.

Loki trouxe consigo os alienígenas Chitauri, vilões do primeiro grande arco da versão modernizada dos Vingadores em quadrinhos – Os Supremos. Também vem dessa história a caracterização do ardiloso superespião Nick Fury como Samuel L.Jackson. Maria Hill, a assistente de Fury, apareceu originalmente na série “Os Novos Vingadores”. Ela já chega falando grosso com o malandríssimo superespião. Essa é a Maria Hill que eu conheço.

A justificativa para o conflito intergaláctico lembra muito o que você lê nas páginas de Mundo da Folha. Existe uma substância que, com a desculpa de produzir energia abundante e relativamente limpa, pode produzir armas raras e sujas. Essa substância causou muita destruição na segunda guerra mundial, a ponto de o Capitão América achar que ela nunca deveria ter sido resgatada. E tem um pessoal esquisito que vem de longe, sedento para colocar as mãos nisso e doido para causar um desastre muito pior do que o de 11 de setembro.

Trata-se do cubo cósmico (chamado de “tesseract” no filme), mas poderia bem ser os artefatos nucleares que estão toda hora no noticiário sobre o Irã e sobre a Coreia do Norte. Joss Whedon, o roteirista, de fato gosta de usar alegorias para falar de coisa séria. No meio disso, ele coloca diálogos muito espertos e espirituososos na boca dos personagens coloridos.

Também tem a Scarlett Johansson de colante (sem nada por baixo, diz ela) para salvar o dia, o que sempre faz bem aos olhos.

O leitor de quadrinhos está lá no filme representado pelo agente Coulson, já conhecido de quem viu os filmes do Homem de Ferro. Tal como boa parte dos leitores de gibis de heróis no mundo real, Coulson é um sujeito já passado dos 30 anos, sem vergonha alguma de colecionar cards dos seus heróis. Esse agente, esse fã, é o cara que mais acredita em mostrar ao mundo a importância dos seus heróis – e acaba sendo o responsável por fazê-los deixar de lado suas diferenças de personalidade para trabalharem juntos.

“Os Vingadores” é um filme para assistir com olhos de adolescente sobrepostos a olhos de adulto – no caso, óculos 3D sobre os óculos de grau.

E OS DADOS?

Ah, sim. Sem dados, não entra neste blog.

Nos quadrinhos, os Vingadores já têm quase 50 anos de história. Nesse período, ao menos cem heróis (e vilões!) da Marvel passaram por todas as suas versões. Atualmente, há três equipes ativas:

  • Vingadores (no gibi “Os Vingadores”)
  • Novos Vingadores (no gibi “Os Vingadores”)
  • Vingadores Secretos (no gibi “Capitão América e os Vingadores Secretos”)

Cada uma tem seus membros. Muitos deles já fizeram parte antes.

Na planilha deste post, você vê os personagens com seu nome em português, seu nome em inglês, sua identidade secreta, a primeira equipe de Vingadores de que participaram, a revista em que entraram para o grupo, o ano de sua estreia e a revista mais recente em que essa história saiu no Brasil.

Essa planilha pode ter falhas, por isso digo aqui de onde vêm os dados.

A lista completa de personagens vem da Wikipedia americana. O verbete é feito por fãs obstinados, então se faltar alguém falta muito pouco.

A versão brasileira das histórias vem do Guia dos Quadrinhos, que é um site excelente, feito por fãs, mas eventualmente pode ter algum lapso.

Se você notar que faltou alguma coisa, conte aqui nos comentários.

Clique na imagem abaixo para ver a planilha inteira.

O que VOCÊ identifica nessa planilha?

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As diferenças nas notas http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/04/27/as-diferencas-nas-notas/ http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/2012/04/27/as-diferencas-nas-notas/#comments Fri, 27 Apr 2012 13:31:06 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/homepage/images/16244531.jpeg http://afinaldecontas.blogfolha.uol.com.br/?p=236 Chegou uma quantidade grande de comentários no post sobre as cotas.

Alguns questionavam o aspecto jurídico delas. A esses, recomendo o blog do Gustavo Romano. Outros questionavam o aspecto político. A esses, recomendo o blog É Tudo Política.

Dentro do tema do blog, alguns leitores questionaram o tamanho das diferenças. Por isso, voltei à tabela de ontem para fazer algumas comparações.

De fato, em apenas três cursos a nota de corte da cota 2 (estudantes negros e índios vindos de escolas públicas) foi maior do que a da ampla  concorrência: artes aplicadas, bacharelado em física e bacharelado em geografia.

Em 21 cursos, a nota de corte da cota 2 (estudantes negros e índios de escolas públicas) foi mais de 10% menor que a nota da ampla concorrência. Comparei com a tabela de áreas usada pela Fapesp. Desses cursos:

  • 9 são engenharias (agronômica, civil, de alimentos, de produção, elétrica – integral e noturno, mecânica, mecatrônica e química)
  • 3 são de ciências “exatas e da Terra”  (computação e química – bacharelado e licenciatura)
  • 1 é de ciências biológicas (farmácia)
  • 1 é de ciências agrárias (zootecnia)

Tem lá seu sentido, se lembrarmos das dificuldades que o ensino público tem para ensinar matemática. Dos outros sete cursos, os de ciências sociais aplicadas também têm sua cota de números:

  • 3 de sociais aplicadas (Administração – integral e noturno – e Arquitetura e Urbanismo)
  • 2 de humanas (Filosofia e Psicologia)
  • 2 de linguística,  letras e artes (Letras e Teatro)

As maiores diferenças estão aqui:

  • teatro (-27,58%)
  • engenharia elétrica integral (-23,25%)
  • engenharia química (-22,77%)
  • química bacharelado (-21,86%)
  • engenharia mecânica (-20%)

O que me espanta, na verdade, é o tamanho da diferença na nota de corte de Teatro.

Em outros 16 cursos, a nota de corte da cota 2 não foi nem 10% maior e nem 10% menor do que a da ampla concorrência.

Que comparações você faz?

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