Afinal de Contas

por Marcelo Soares

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Marcelo Soares escreve sobre dados e o que eles podem revelar

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O pedestre: meio desligado ou pouco respeitado?

Por Marcelo Soares

O André Monteiro, de Cotidiano, assina hoje com o colega Reynaldo Turollo Jr. uma reportagem (com texto completo para assinantes) sobre pesquisa em que a CET-SP ouviu de 404 motoristas e 432 pedestres sua avaliação da campanha de respeito ao pedestre.

BAIXE AQUI:
Avaliação de comportamento – prioridade do pedestre na travessia
6° ciclo de coletas – respeito à prioridade do pedestre na travessia

A empresa descobriu que em vários cruzamentos os motoristas não apenas não param como também põem a culpa no coitado do pedestre. Alguns disseram não parar porque não sabem se o pedestre quer ou não atravessar quando está parado e não faz o sinal da mão. Acham o pedestre meio desligado e presumem que ele quer ficar onde está.

Esta é a análise que o André faz dos números:

Desde que lançou a campanha do pedestre, a CET tem tentado “acompanhar” sua efetividade fazendo pesquisas de opinião e levantamentos estatísticos.

Quando olhei os dados das duas últimas pesquisas divulgadas, uma de cada tipo, chamou minha atenção como, neste caso, elas devem ser lidas em conjunto.

Na pesquisa de opinião, a CET perguntou a um grupo de motoristas se ele respeitava a preferência do pedestre que atravessa na faixa: 97,5% responderam que sim.

A pergunta deve ser feita, mas dificilmente haveria resultado diferente, já que quase ninguém mesmo responderia que não cumpre a lei. É como perguntar para uma pessoa se ela é uma boa profissional, quem é que vai responder que não?

Mas aí que entra o levantamento. Para checar se os motoristas realmente estão dando preferência à faixa, escolheram cinco cruzamentos e contaram os carros que paravam para o pedestre atravessar. Resultado: 73% não pararam.

A opinião dos motoristas demonstra um egoísmo atroz, no nível do Pateta no clássico desenho animado “O Rei do Volante“.

Certa vez visitei Malmö, no sul da Suécia, e ficava até constrangido porque os motoristas paravam mesmo quando eu só queria ficar olhando o que havia do outro lado da rua. E não ficavam ansiosos, e sim sorridentes. Tinham a noção de que o pedestre é mais atrasado pelos carros do que os carros são atrasados pelos pedestres – e que quem não está protegido por um escudo de lata está mais exposto a se ferir se o trânsito for selvagem.

O repórter me forneceu os dois estudos que recebeu para a pesquisa. Estão em PDF, apenas com dados resumidos. A CET não forneceu a planilha completa, só incluiu dados resumidos de quatro cruzamentos onde o levantamento foi feito.

Qual é a sua experiência no trânsito de São Paulo, nessa queda-de-braço entre motoristas e pedestres?

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