Nesta semana, o Judiciário das ilhas Jersey começou a comprovar que o ex-prefeito Paulo Maluf tem, ou ao menos já teve, contas em paraísos fiscais no exterior. É a reta final de um dos casos que fizeram com que Maluf se tornasse procurado pela Interpol.
Maluf não é o único a usar esse expediente, segundo o relatório The Price of Offshore Revisited, da organização sem fins lucrativos Tax Justice Network. Investidores brasileiros tornaram nosso país o quarto maior cliente desses locais onde se pode guardar dinheiro em razoável sigilo, sem responder a muitas perguntas e sem pagar imposto. A maior parte desses investidores dificilmente tem cargo público, mas tem dinheiro a ocultar.
Com ao menos US$ 520 bilhões em depósitos não contabilizados – pouco mais de um quinto do PIB oficial -, o Brasil perde apenas para a China (US$ 1,2 trilhões), Rússia (US$ 779 bilhões) e Coréia do Sul (US$ 779 bilhões), segundo o relatório, feito por um ex-economista da consultoria McKinsey & Co. Ao todo, ao menos US$ 21 trilhões “não contabilizados” estão depositados em paraísos fiscais.
A Tax Justice Network promete publicar os dados brutos da pesquisa.