Eu sei exatamente a hora de parar de olhar o Twitter: logo depois do Jornal Nacional, quando os fãs de novela e BBB tomam conta. Não julgo: cada um se diverte como preferir; a questão é que nesse horário eu simplesmente SEI que não vai sair quase nada que me interesse no Twitter e que, caso eu poste alguma coisa, os amigos não vão ler.
O barulho no Twitter, de certa forma, serve como um indicador da popularidade de programas de televisão – que cada vez mais utilizam recursos de integração com redes sociais para engajar a “segunda tela” de sua audiência. Por isso é que celebridades da TV estão entre os mais seguidos do Twitter brasileiro. Por isso é que subcelebridades da TV como a vistosa Nicole Bahls (ao lado) fazem questão de ir lá interagir com a plateia.
Sendo assim, será que dá para medir a audiência dos programas com isso? Parece que nos EUA a coisa se encaminha por aí, embora ainda tenha muito chão pela frente para termos uma medida mais certeira.
Ontem, o instituto Nielsen (análogo ao Ibope nos EUA, e que tem parceria com o daqui na medição da audiência online) divulgou um estudo que aponta forte correlação entre o barulho no Twitter e os índices de audiência de programas de TV. Isso varia de acordo com a faixa etária, mas tem um bom grau de acerto:
“Especificamente, o estudo descobriu que, para a faixa etária de 18 a 34 anos, um aumento de 8,5% no volume de tweets corresponde a um aumento de 1% na audiência da TV nos episódios de estreia, e um aumento de 4,2% no volume de tweets corresponde a um aumento de 1% na audiência dos episódios de meio de temporada. Além disso, um aumento de 14% no volume de tweets está associado a um aumento de 1% na audiência de programas para a faixa etária de 35 a 49 anos, refletindo uma relação mais forte entre Twitter e TV para os públicos mais jovens.”
Correlação não é causação; significa que os dois fatores variam juntos dentro de um determinado limite. Não é o Twitter que causa a audiência, e provavelmente não é a audiência que causa o Twitter. Mas a popularidade do programa pode causar o barulho no Twitter como causa a audiência do programa, e os dois fatores se retroalimentam.
Percebi isso no ano passado, quando estava numa festa de casamento soporífera. Na mesa, entre uma taça de espumante e outra, olhei o Twitter no celular e vi que todos os amigos estavam falando do tal do UFC. Fui pra casa assistir. Por pior que fosse, seria mais divertido do que a festa lá. Não curti o UFC, mas nesse caso o barulho no Twitter causou a audiência pelo menos lá em casa.
No Brasil, porém, não conheço nenhum estudo semelhante. Você conhece?
Se você se interessa pelo tema, vale muito a pena ler o livro “Social TV“, lançado no ano passado. Ele lança luzes bem curiosas sobre o que vem por aí.