Neste ano, mudaram as regras para doação para campanhas.
Empresas não podem doar em seu próprio nome – embora isso não garanta que elas desistam de doar.
Numa alegoria que escrevi há um ano e pouco, imaginei um cenário em que diretores de empresa de Patópolis doavam em nome próprio e, como ninguém tem a obrigação de saber quem trabalha onde, isso mascararia a origem da grana.
Uma pessoa física doar, em si, não é um problema. Nem mesmo quando dirige empresas. Faz todo sentido quem acredita num candidato votar com seu bolso. O problema é quando há abuso.
A estrada de Patópolis não é o único caminho possível, e talvez nem o principal.
Há outras possibilidades, como gente viva, gente pobre e gente morta emprestando o CPF para doação de terceiros. Uma análise do TCU sobre as doações já feitas encontrou mortos e beneficiários do Bolsa-Família entre os doadores. Mais de um a cada três doadores, dizem eles, seria irregular.
A Folha fez uma reportagem observando casos em que servidores doam mais do que o próprio salário aos chefes. Mas logicamente o jornal praticamente só tem como saber o que bate com as listas de servidores e dos doadores.
Peguei os dados apenas da eleição paulistana, que é onde fica a maioria dos leitores do jornal, e organizei para você poder verificar quem aparece doando para quem e em que volumes.
Você identifica alguma doação que lhe parece estranha? Identifica algum doador que pode ser uma empresa oculta?
Dê a dica aqui nos comentários, ou mande para o meu e-mail. A Redação ficará sabendo e pode verificar. Garanto o sigilo sobre sua dica. Se preferir, não precisa nem colocar seu nome.