Afinal de Contas

por Marcelo Soares

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Marcelo Soares escreve sobre dados e o que eles podem revelar

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Doria gasta com propaganda mais do que concorrentes somados

Por Marcelo Soares

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ATENÇÃO: Este texto usa dados da prestação de contas parciais, divulgada pelo TSE no dia 15 de setembro. Eles abrangem do início da campanha até 8 de setembro. Saiba mais sobre as mudanças no sistema de contas eleitorais – e estimativas atualizadas de gasto por minuto de produção – neste texto.

 

Titular da maior fatia da propaganda política no rádio e TV em São Paulo, o tucano João Doria gastou apenas com produção de TV e rádio mais do que a soma de tudo o que as campanhas dos concorrentes gastaram, segundo a prestação de contas parcial de setembro.

A cada dia, ele tem direito a mais de três minutos no horário eleitoral e 13 minutos em inserções. Desde o início da campanha eletrônica, ele cresceu rapidamente nas pesquisas.

Para isso, declarou ter gasto R$ 8,7 milhões na produção da propaganda até o dia 8 de setembro. Isso equivale a R$ 41.913 para cada um dos 208 minutos de propaganda eleitoral a que teve direito entre 26 de agosto, início da campanha eletrônica, e a data final da segunda declaração parcial de contas, 8 de setembro. Ele também gastou R$ 1,1 milhão em pesquisas internas.

Os dados foram publicados nesta quinta (15) pelo Tribunal Superior Eleitoral. Para esta análise, usou-se os dados brutos do Repositório de Dados Eleitorais, na versão atualizada às 13h25 de quinta-feira (baixe aqui).

Já o prefeito Fernando Haddad (PT), que tem o segundo maior tempo de TV, gastou o equivalente a R$ 12.042 para cada um dos 175,5 minutos a que teve direito no período. Sua segunda principal rubrica de gastos é o material impresso de propaganda. Também foi o único que declarou valores altos (R$ 228 mil) com produção de site de campanha.

O deputado Celso Russomanno (PRB) é um ponto fora da curva. Com direito a seis minutos e 16 segundos entre horário eleitoral e inserções por dia, declarou ter gasto apenas R$ 60 mil com rádio e TV durante sua campanha inteira até agora. Ou seja: pouco mais do que Haddad e Doria gastariam em um minuto, mesmo com padrão de produção semelhante ao dos rivais.

A ex-prefeita Marta Suplicy (PMDB) declarou ter gasto R$ 1,3 milhão com a produção de sua propaganda eletrônica. Em serviços profissionais, como os de advogado e contador, declarou ter gasto mais do que Doria.

Como as declarações ainda não são finais, não é possível avaliar se os números de despesas de produção já são os definitivos.

Em termos de receita, as campanhas de Doria e Haddad estão no vermelho. Doria gastou 283% a mais do que recebeu, Haddad 94% a mais. Russomanno e Marta Suplicy declaram superávits de 65% e 18% respectivamente.

O maior doador declarado de Doria, até agora, é ele próprio. Tirou do seu bolso 48,7% de tudo o que sua campanha arrecadou (R$ 1,63 milhão). Seu partido, por sua vez, doou outros 45% (R$ 1,5 milhão). A menos que ele consiga amealhar grandes doadores para cobrir o rombo, terá de mexer ainda mais no seu próprio patrimônio, de R$ 180 milhões.

Na eleição de 2012, em cidades como Belo Horizonte, empresas esperaram a definição dos vencedores para só então abrir o bolso. Neste ano, com a mudança nas regras, a repetição desse comportamento por parte de empresários é imprevisível.

Alguns donos de empresas de construção, como Elie Horn, da Cyrela, e Antranik Kissajikian, já doaram em nome próprio valores idênticos para mais de um candidato. Horn doou R$ 100 mil para Haddad e Marta Suplicy (PMDB); Kissajikian doou R$ 20 mil para Marta e Doria. A prática de apostar valores iguais em campanhas adversárias era comum nas doações de empreiteiras.

Outro sistema do TSE, o DivulgaCandContas, é atualizado em tempo real, conforme os candidatos enviam dados sobre despesas e arrecadação. Nesta sexta (16), o sistema mostrava que o prefeito Fernando Haddad já registrou R$ 8,7 milhões em gastos contratados. Russomanno, por sua vez, alcançou R$ 2,1 milhões em despesas contratadas.

Confira abaixo as despesas das quatro campanhas que declararam ter gasto mais de R$ 500 mil, conforme o apurado no Repositório de Dados Eleitorais.

 

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