Visite a banca mais próxima (lembra delas?) para comprar a edição da Folha desta sexta-feira. Está lá a estreia deste blog em versão impressa. Todas as sextas, nas próximas semanas, devo ocupar um espaço impresso com análises dos dados da eleição. Aqui no blog, publico o mesmo texto com infográfico interativo.
Estreamos assim:
Em tempo (quase) real
No início desta semana, as campanhas para prefeito em todas as cidades do Brasil já haviam declarado a captação de R$ 624 milhões. Dinheiro de pessoas físicas era 37% desse total. Outros 36% foram doados por alguns “prefeituráveis” a suas próprias campanhas. Nem todos os candidatos abriram o bolso ao sonho, mas alguns investiram bastante.
É o caso de João Doria (PSDB), que pelos dados publicados pelo TSE havia doado R$ 2,4 milhões à própria campanha em São Paulo – ou 55% de suas receitas. Ele ainda não é o maior autodoador do Brasil: em Betim (MG), Vittorio Medioli (PHS) declarou ter desembolsado R$ 3 milhões, ou 100% dos recursos que recebeu.
Noutra escala e país, Donald Trump diz que banca toda sua campanha. Porém, ao final de agosto 18,6% dos US$ 401 milhões que arrecadou vinham de outros doadores.
Pela lei brasileira, candidatos podem doar à própria campanha apenas recursos que já constem da sua declaração de bens. O teto de doação é de 10% dos rendimentos brutos de 2015.
Nos dados fechados pelo TSE até a noite do dia 21, a cidade onde os “prefeituráveis” mais arrecadaram foi São Paulo: R$ 17,2 milhões. Em terceiro lugar vem o Rio de Janeiro, com R$ 13,8 milhões.
O segundo lugar foi um erro de digitação. Numa cidade com 12 mil habitantes, uma candidata apareceu recebendo R$ 15 milhões do partido. Seria a maior doação do país – mas sobraram três zeros. A retificação foi encaminhada na segunda-feira, segundo o presidente do diretório local, mas não estava no sistema nesta quinta. Não deve ser o único engano nas mais de 5.500 cidades do país.
Neste ano, pela primeira vez na história, a Justiça Eleitoral publica na internet, em tempo quase real, as contas de todos os candidatos. Com isso, atende uma velha demanda por transparência das contas eleitorais.
Tempo “quase” real? Sim: 1) as doações devem ser declaradas em até 72 horas; 2) são publicadas no site do TSE em até 48 horas; 3) uma versão detalhada pode ser baixada diariamente à meia-noite. O site do tribunal (o DivulgaCandContas) tem uma visão mais atualizada, mas que não permite análise simultânea de muitas campanhas.