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por Marcelo Soares

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Marcelo Soares escreve sobre dados e o que eles podem revelar

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Faroeste caboclo das eleições deixa 28 mortos em três meses

Por Marcelo Soares

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Desde junho, antes do registro de candidaturas, ao menos 28 aspirantes a cargo eletivo foram mortos. José Gomes da Rocha, o candidato a prefeito morto na última quarta-feira em Itumbiara (GO), foi o mais recente, até o fechamento deste texto. 

Esta eleição está mais violenta do que outras? Difícil saber. O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, manifestou preocupação ao ver ocorrer uma morte numa região que conhece bem, mas a situação já estava preocupante antes. 

A Justiça Eleitoral contabilizava nesta semana 100 candidatos que morreram após se candidatarem. É normal: o coração, o câncer e acidentes variados não escolhem hora para matar. Mas 15 desses 100 estão entre os que sabemos terem morrido assassinados. Os outros 12 do levantamento morreram antes do prazo de candidatura. Um desistiu.

Na maior parte dos casos, os mortos são candidatos a vereador – apenas Gomes da Rocha chegou a fazer campanha para prefeito. Devido à quantidade de candidatos, a disputa para vereador atrai gente de todo tipo de perfil. (Não incluí casos em que o morto não se candidatou e a notícia não indicava intenção de se candidatar. Mas havia alguns, como duas mortes de vereadores de Ortigueira/PR.)

Parte das mortes pode estar ligada à criminalidade urbana: ao menos um quarto dos mortos tinha carreira como policial e pelo menos proporção semelhante tinha acusação prévia de envolvimento com crime organizado. Isso ocorre especialmente no Rio de Janeiro, Estado que concentra mais de um terço das mortes detectadas.

O que chama mais a atenção no levantamento, feito com o monitoramento de sites de notícias regionais, é a quantidade de tiros nas execuções. Só em 23 de agosto, foram mortos dois candidatos com 15 tiros cada um, no interior do Maranhão e no litoral de São Paulo. Em algumas notícias, menciona-se apenas “vários” tiros. Às vezes de armas com três ou quatro calibres diferentes. 

É raro que a polícia veja motivação política nos crimes. Já houve assassinato em disputa por lugar em fila, em Aragominas (TO). No Rio, considerando aspirantes a vereador mortos desde 2015, a polícia só havia encontrado motivação política em duas de 13 mortes. A situação na região da Baixada Fluminense está tão complicada que em uma cidade um candidato a prefeito desistiu de concorrer e noutra um passou a andar de carro blindado.

Na Bahia, um homem que teria ficado rico com a Telexfree e queria concorrer a prefeito foi morto por encomenda de uma namorada que também saía com um traficante, segundo a polícia. Outro morto fora acusado de ter um desmanche de carros roubados. Um terceiro, segundo a polícia, foi morto por uma dívida de drogas.

Ainda que de fato não haja motivação política nos assassinatos, eles de qualquer maneira refletem um grau de violência preocupante. Como desarmar isso?

ATENÇÃO: se você conhecer algum caso não contemplado, ocorrido desde junho, dê um link nos comentários e avalio a inclusão.

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